09 março 2012

Analgésicos podem aumentar o risco de aborto espontâneo.


Estudo canadense mostra que as mulheres que tomam remédios à base de ibuprofeno ou naproxeno têm risco dobrado de perder o bebê


O primeiro trimestre da gestação é um período cheio de cuidados. Entre eles, está a escolha da medicação certa, seja no combate da dor, inflamação ou febre. Um novo estudo canadense, publicado no Canadian Medical Association Journal, revelou que mulheres que usam analgésicos comuns, como naproxeno e ibuprofeno, nas primeiras 20 semanas de gestação, têm até 2,4 vezes mais chances de sofrer um aborto espontâneo. O efeito é válido para todo o grupo dos anti-inflamatórios não-esteroides (AINE), exceto a aspirina.

Para chegar a esse resultado, os pesquisadores analisaram dados de 52 mil mulheres de Quebec, no Canadá, que estavam grávidas de poucas semanas. Aquelas que usaram drogas do tipo AINE tiveram 
2,4 vezes mais riscos de ter um aborto espontâneo. Entre as substâncias analisadas estavam diclofenaco, naproxeno, celecoxib, ibuprofeno e rofecoxib.

Segundo o pesquisador Anick Bérard, responsável pelo estudo, não é possível afirmar com total segurança que os medicamentos, por si só, causem um aborto. “Sabemos que existe uma relação entre os dois, mas isso pode ser muito bem um efeito farmacológico”, diz.

Pesquisas anteriores feitas com animais já haviam relacionado esse tipo de analgésico a um aumento no número de abortos espontâneos. Isso acontece porque os medicamentos não-estereoides, como o ibuprofeno, interferem na concentração de um ácido graxo chamado prostaglandina (responsável pela contração uterina), que diminuem no início da gravidez para que o bebê possa se desenvolver. Assim, essa alteração dos níveis desse ácido poderia levar à expulsão do feto.

Para o obstetra Antônio Júlio Barbosa, do Hospital e Maternidade Santa Catarina (SP), o resultado da pesquisa comprova que a conduta dos médicos está correta. “O
paracetamol é o analgésico mais seguro para gestantes. No entanto, cada caso deve ser avaliado pelo obstetra. Só ele é capaz de decidir qual é a melhor medicação para sua paciente”, diz.


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