09 março 2012

O líquido amniótico e sua importância para o desenvolvimento do bebê

Nem a mais nem a menos, o útero deve conter a medida certa de líquido para o bebê



O líquido amniótico tem uma importância maior na vida do seu bebê que provavelmente você imagina. "É uma das funções vitais do feto", diz Frederico Peret, diretor da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais.

Além de preencher a bolsa, auxilia na alimentação do feto e reduz o impacto no caso de quedas. Quando está no volume normal, ajuda o bebê a exercitar movimentos e articulações. "Até o quarto mês de gestação, é produzido pela placenta e membranas que envolvem a bolsa. A partir do quinto mês, é feito pelos rins do bebê, exercitando os aparelhos digestivo e respiratório da criança", explica Ricardo Barini, coordenador do Serviço de Medicina Fetal da Unicamp.

A renovação total do líquido é constante, ocorre entre 18 e 24 horas. Até o fim da gestação, o volume tem cerca de 700 a 1 litro, e vai diminuindo quando o parto está próximo. Nos primeiros meses de gestação, ele é claro e transparente, e no fim da gravidez,turvo e leitoso. A alimentação da futura mãe, assim como consumo de álcool, tabaco e medicamentos podem modificar o líquido amniótico.

Saiba mais: Tanto o excesso quanto a falta de líquido podem ser prejudiciais para mãe e filho.

Excesso: Quando a grávida tem excesso do líquido amniótico (polidrâmnio/hidrâmnio)

O problema não pode ser evitado, mas precisa de tratamento.

O excesso do líquido amniótico não pode ser evitado, e ocorre em cerca de 2% das gestantes. O importante é iniciar um tratamento assim que for constatado. O diagnóstico ocorre quando a quantidade desse líquido for maior do que a considerada normal para a idade gestacional (há uma tabela-padrão, que varia de acordo com a semana de gravidez) ou for maior que 2 litros em qualquer época da gestação. É preciso ainda investigar as causas, que podem ser anomalias fetais, diabetes, sífilis ou toxoplasmose, pois o aumento pode levar à fadiga do útero e ao parto prematuro. O tratamento clássico é a pulsão do líquido, por meio da amniocentese, que pode ser feita várias vezes até a quantidade se estabilizar. Em alguns casos, recomendam-se diuréticos, afirma Flávio Cunha Catarozzo, ginecologista e obstetra do Hospital São Luiz (SP). Se a resposta não for positiva, é possível, em último caso, a antecipação do parto. 

 

 

 Falta : Quando a grávida tem pouco líquido amniótico (oligodrâmnio)


É com o ultrassom que o médico consegue saber como está o líquido e se é necessário tomar alguma providência

Assim como há gestantes que podem ter excesso de líquido amniótico, o inverso também acontece. A diminuição atinge entre 0,5% e 5,5% das grávidas, normalmente no terceiro trimestre da gravidez, e há vários fatores que levam a ela. Hipertensão, diabetes e até algumas infecções virais da gestante estão entre eles. Em casos raros, pode ser indicativo de alguma anomalia fetal, como problemas no sistema digestivo e urinário. 

Estudos mostram que a redução do líquido amniótico também pode estar relacionada com o clima quente. Uma avaliação realizada pela Universidade Ben-Gurion, em Israel, com 4,3 mil grávidas que tinham o problema revelou que as taxas mais elevadas de oligodrâmnio (pouco líquido) aconteciam nos meses de verão. 

Segundo Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês (SP), grande parte do líquido amniótico é produzido pelo bebê, por meio de líquidos que elimina do pulmão, e até urina. “No verão, como há tendência de a mulher perder mais líquido, se não se hidratar corretamente, ela manda menos água para o bebê, que passará a produzir menos também”, diz. 

A falta pode ser compensada com o consumo reforçado de líquidos (em média 3 litros de água no verão e 2 litros no inverno), além de repouso. Outra técnica é injetar uma solução com nutrientes na bolsa amniótica por meio de um cateter inserido no útero. No entanto, não há certeza se funciona em todas as situações.  


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